riginário da
Etiópia, chegou à Turquia no século 16 e de lá se espalhou pelo mundo, ficando conhecido como
café turco, café sírio, café árabe, café grego e assim por diante. Muito difundido no oriente médio, Ásia e norte da África, tornou-se uma das muitas maneiras de se preparar e apreciar café no mundo.
Relato a grata experiência de degustar o café de Mariam Hobeika Akuri, libanesa, expert no preparo, bem como na
leitura da borra do café, outra característica marcante desse ritual. Ritual sim, pois começa com a moagem muito fina de um bom café (arábica, de preferência) e o uso do
Ibrik – uma panelinha com cabo longo que vai ao fogo direto ou brasa. Após levantar a fervura, em média 3 ou 4 vezes, coloca-se uma colher de sopa de água fria, cobre-se a boca do Ibrik com um pires e espera-se de 3 a 4 minutos.
O que se vê, ao final, é um café deliciosamente escuro, cremoso e com sabor marcante e único. Não se parece com um espresso e muito menos um café coado. Este café possui um creme espesso e delicado e seu sabor é forte e intenso. Acompanha bem doces libaneses, doces a base de coalhada seca e compotas, bem como frutas secas. Em geral, já é feito açucarado e pode levar especiarias – a mais comum é a semente de cardamomo. Outra forma de adoçá-lo é colocar torrões de açúcar na boca, no momento do primeiro gole da bebida.
O pires que vai sobre o Ibrik tem uma função muito importante nesse ritual. Após tomar seu café,
“deixando um pouco no fundo”, ele é colocado virado para baixo sobre ela (veja foto acima), para, num só movimento, entorná-la de boca para baixo e aguardar alguns minutos para que a
borra do café desça pelas paredes.
Entra em ação um dom... uma magia... ou apenas uma tradição – nunca saberemos – de ler a borra do café, num processo chamado de
“cafeomancia”. Ao se “enxergar” a imagem de um arranha-céu, por exemplo, significaria risco de perder dinheiro. Ver a letra “A” significaria boa chance para comprar um imóvel.
Com ou sem a leitura da borra, o que vale mesmo é apreciar o preparo e degustar essa
exótica e secular maneira de se preparar aquele café para os amigos. E, se possível, sentados a uma mesa baixa e em almofadas, como os árabes. Boas xícaras!
Fotos/ilustrações: divulgação
Mais sobre o assunto, na
internet
Coffee Lovers (blog do autor da coluna)
Ponto de encontro e local para troca de experiências sobre café http://www.petruzza.blogspot.com/